UM GAME ETERNO

QUEM VAI ME FAZER FELIZ?

sábado, 23 de julho de 2011

RESGATES AFETIVOS




Impressiona como na vida contemporânea os relacionamentos respondem por boa parte das doenças; quando nossas relações afetivas deveriam atuar ao contrário: curando, harmonizando.

Meu bem meu mal.

Até com mais intensidade do que as outras, a qualidade da relação que envolve afetividade deixa a desejar.
Grande parte das relações torna-se ao longo dos anos desajustada e até doentia. As causas são quase as mesmas das relações incorretas, acrescidas da maior carga emocional capaz de potencializar as sensações que resultam da interação.

Alguns fatores colaboram para determinar-lhe a qualidade ou a falta dela:

Paixão:
A atração da energia sexual é decisiva na paixão. Na relação apaixonada a capacidade de discernir fica temporariamente comprometida. Esse tipo de atrativo é benéfico e natural, porém não duradouro. Para que a paixão se transforme em respeito e cuidados pela pessoa que se pretende amar é preciso um grau de maturidade emocional e afetiva que boa parte de nós ainda não atingiu, o que torna as relações inadequadas e até quase uma obsessão. Especialmente, quando envolve ciúmes ou algum tipo de dependência: financeira, psíquica, emocional.

Conquista:
A relação que mantém pelo desejo de submeter alguém aos nossos caprichos já começa incorreta, pois o conquistador costuma esconder suas reais intenções com subterfúgios e galanteios para atrair. Quase sempre quando consegue seu intento abandona as vítimas, criando vínculos complicados e sofridos.

Expectativas:
Ainda acreditamos na relação romantizada. De forma inconsciente tentamos usar os outros para alcançar a felicidade. Criamos expectativas e ilusões impossíveis de ser realizadas, pois nossa alma gêmea, até o momento, é utopia.

Pouca confiabilidade:
Na tentativa de agradar o outro, nós nos mascaramos com qualidades que ainda não temos e escondemos a falta delas. Na tentativa de atender às expectativas não usamos senso crítico. Nem se fala nos casos em que o objetivo é o de alcançar, por meio do outro, melhor posição social ou riqueza, pois nesse caso já existe a intenção de iludir para lucrar.

Exigências:
Ao depositar no outro a condição de ser feliz, passamos a cobrar dele a realização de nossas necessidades, nem sempre verbalizadas. Os desejos e exigências não são formulados de forma clara, e a falta de comunicação também torna cada vez mais remota a possibilidade de se sentir feliz.

Nem sempre o outro quer ou é capaz de satisfazer os nossos desejos, até porque suas próprias necessidades não estão satisfeitas, e forma-se um círculo vicioso de guerrilha emocional.

Insatisfação:
É nossa característica estar insatisfeito. A insatisfação é um impulso natural de progresso; apenas é preciso distinguir a negativa da positiva. A diferença entre elas é que a positiva reconhece e é agradecida ao que já conquistou, a outra não valoriza o já possui, apenas o que não tem ainda ou o que já perdeu.

A insatisfação na vida a dois tende a aumentar à medida que o tempo passa e a expectativa de desejos, exigências e necessidades não é satisfeita, quando nada se faz para tal.

A maioria fica alerta esperando uma oportunidade de reclamar, mas o medo de expor diretamente as exigências conduz a comunicação aos recados, às indiretas, ou por meio da crítica, das meias palavras. Esse tipo de relação e de comunicação cria mágoas e ressentimentos.

Mágoas e ressentimentos:
É comum esperar retribuição da satisfação que imaginamos dar aos outros, e até de coisas que não fomos capazes. Quando não recebemos o que achamos merecer, fechamos a cara, retrucamos a tudo, permanecemos armados à espera do ataque do outro, e até podemos agredir de forma defensiva.

Desejo de mudar o outro:
Parte da nossa energia e do tempo é gasta de forma inócua tentando ajustar a maneira de ser alheia aos nossos desejos e expectativas. Além de ser impossível, e um desrespeito que cria mais animosidade na relação, e no dia a dia, desencadeiam-se pequenas e grandes vinganças no relacionamento.

Recusa em assumir responsabilidade:
Nós pouco assumimos nossos enganos; é mais cômodo culpar o outro ou o destino. Quando somos obrigados costumamos apelar para a chantagem emocional e até adoecemos para atrair sentimentos de pena.

Guerrilha em família:
De menosprezo a ódio, de boicotes a traições; usamos todo tipo de retaliação para punir a causa da falta de felicidade. Quando não é possível atingir o outro, seja por qual motivo for, transferimos a vingança para algum familiar mais afinado com o inimigo, tanto faz que seja o sogro, a sogra ou até algum dos filhos.

Dica:

Começar uma relação segundo padrões mais adequados é mais fácil do que fazer uma revisão das já em andamento; em ambos os casos, o principal é melhorar a qualidade pessoal sem tentar interferir na forma de ser do outro. O amor entre as pessoas exige respeito. E o respeito ao outro não abre mão do respeito a nós mesmos.

Exercício:

É possível curar uma relação adoecida?
Sem dúvida.
Mas, em prevenir está a sabedoria.
Mesmo para quem ainda não vive uma relação que envolve compromisso afetivo, vale a pena tentar projetar as possibilidades de acontecimentos para evitá-los.

Qual a avaliação da qualidade das relações afetivas que já experimentei?
Defini meu papel?
Estou feliz comigo, com meu desempenho?

Na qualidade de seres interativos e interdependentes, a sanidade de nossas relações afetivas é fator de peso na busca da paz e da felicidade pessoal e coletiva.

Namastê.

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